segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Emilio Reuben: um canadense tipo exportação

A publicação da vez irá falar sobre Emílio Moisés Reuben, provavelmente o primeiro jogador canadense a se aventurar no futebol sul-americano. Depois dele, jogadores como Tony Menezes e Charles Gbeke também tentaram a sorte no lado de cá do continente.

Emilio Moisés Reuben nasceu em Vancouver no dia 2 de fevereiro de 1913, mas fez toda a sua carreira longe de seu país natal, que se hoje em dia pode ser considerado uma escola emergente no futebol, naquela época a prática do jogo era totalmente amadora.

Em 1933, Emilio já morava na Argentina quando assinou seu primeiro contrato profissional com o Velez Sársfield. Tido como um jogador forte e bom finalizador, fez dupla com Agustín "Ñara" Cosso, um dos maiores artilheiros da história do clube, ficando por lá até 1936.

Poster de Reuben nos tempos de Velez. Foto: Reprodução/El Grafico

Entre 1937 e 1941 reforçou o Indenpendiente, aonde viveu uma das grandes fases da sua carreira, ao obeter conquistas, como os bi-campeonatos da primeira divisão e da Copa Ibarguen (equivalente a uma Super Copa ou também a extinta Copa dos Campeões da CBF) em 1938 e 1939 e Copa Escobar de 1939, torneio que homenageava o então presidente da AFA, Adrian C. Escobar.

Após as grandes conquistas com o Rojo de Avellaneda, rodou alguns clubes no continente, inclusive vindo parar no futebol brasileiro! Sim, Reuben é também provavelmente o primeiro atleta canadense a atuar por uma equipe de futebol brasileira. Ainda em 1941, Emi como era carinhosamente chamado, disputou algumas partidas pelo Flamengo, fazendo parte da equipe vice-campeã carioca daquele ano.

Emilio Reuben foi capa de caderno de esportes na Argentina. Foto: Reprodução/El Gráfico

Em 1942, Reuben retornou ao seu segundo país, uma vez que o atacante também tirou a cidanania argentina para assinar com o Lanús por onde atuou uma temporada. Depois disso, atuou pelo Racing do Uruguai e pelos colombianos Deportivo e América de Cali, aonde acumulou as funções de jogador e treinador simultaneamente. No Deportivo, está marcado na história por ser o autor de dois gols na primeira vitória da equipe no profissionalismo, contra o Atlético Nacional por 4x1. Ainda na Colômbia após sua aposentadoria, ajudou na fundação do Deportes Quindio, clube que hoje disputa o Torneo Águila, como é conhecida a segunda divisão local. Emilio Moisés Reuben tinha 75 anos quando veio a falecer no dia 20 de junho de 1988 em Buenos Aires, vítima de um acidente de trânsito.

Apesar do considerável sucesso de Reuben em território sul-americano, o jogador jamais foi convocado para defender o seu país, uma vez que o Canadá, seguindo o exemplo de demais associações defutebol britânicas na época, retirou-se da Fifa em 1928 devido a uma disputa sobre quebra de pagamentos para jogadores amadores, voltando a entrar em campo apenas em 1957. Vale ressaltar que durante esse tempo de hiato, o Canadá disputou apenas duas partidas amistosas, de caráter não-oficial em 1937, contra a seleção argentina e extinto Trenton Highlanders dos Estados Unidos.



CARREIRA
1933-1936 Vélez Sarsfield 
1937-1941 Independiente
1941-1942 Flamengo
1942 Lanús
1943-1944 Racing Club de Montevideo
1945-1948 Deportivo Cali
1949 América de Cali
SELEÇÃO CANADENSE
0 JOGOS / 0 GOLS

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

A origem do mundial de futsal: 1982 ou 1989?

O futebol de salão ou futsal surgiu no Uruguai durante os anos 30 através do professor de educação física Juan Carlos Ceriani e como todos já sabemos é o futebol adaptado para quadras esportivas formado por equipes de 5 jogadores, sendo um no gol e quatro na linha. Variante do futebol que é muito popular no Brasil, mostrou ao mundo lendas como Manoel Tobias (tri-campeão mundial e eleito três vezes o melhor jogador do mundo na categoria) e Falcão, que recentemente recebeu um prêmio de reconhecimento por sua Carreira de mais de duas décadas, na festa dos Melhores do Mundo da Fifa.

Mas a questão da publicação da vez é sobre a Copa do Mundo de futsal. Qual contagem de edições devemos considerar de fato? A partir de 1989, quando foi o primeiro torneio que a Fifa organizou ou as edições anteriores, que eram sancionadas pela Fifusa, atual AMF?


O Brasil sediou o mundial de 1982 e saiu campeão. Foto: Reprodução/Youtube

Vamos entender melhor a situação: em 1982 a antiga Fifusa (Federación Internacional de Fútbol de Salón) então comandada pelo brasileiro Januário D'Aléssio organizou o primeiro campeonato mundial da categoria, com todas as partidas sendo disputadas no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. O anfitrião Brasil, junto de Argentina, Colômbia, Costa Rica (que entrou no lugar do desistente México), Itália, Japão, Tchecoslováquia, Holanda, Paraguai e Uruguai foram as equipes participantes e a seleção dona da casa foi a grande campeã ao bater o Paraguai em placar magro, 1x0 gol de Jackson, que era gerente do Banco do Estado de Minas Gerais, o Bemge, que foi adquirido e incorporado ao Itaú, anos depois. A Fifusa organizaria ainda duas edições antes da Fifa organizar o "seu" mundial. Em 1985 na Espanha, deu Brasil novamente ao bater os anfitriões por 3x1 e em 1988 na Austrália, foi a vez do Paraguai alcançar a glória maior, ao bater o Brasil por 2x1.

Em 1989 enfim, a Fifa organiza um campeonato mundial de futsal pela primeira vez. O país-sede foi a Holanda e na competição, jogadores originalmente do campo como Brian Laudrup, Adílio e Tab Ramos (o mesmo que sofreu cotovelada de Leonardo na Copa de 1994) marcaram no presença no torneio no qual o Brasil se saiu campeão mais uma vez (ou pela primeira vez, levando em consideração apenas as edições organizadas pela Fifa) ao bater a Holanda por 2x1.

Em 1989, Brasil e Holanda decidiram a Copa do Mundo de Futsal. Youtube/FIFATV


Com a Fifa começando a organizar a sua Copa do Mundo de Futsal, o torneio da Fifusa consequentemente foi perdendo sua importância, mas alguns jogadores da seleção brasileira dos tempos da Fifusa fazem questão de ratificar os dois primeiros títulos mas acontece que a própria Fifa já alertou a Confederação Brasileira de Futebol de Salão a tirar duas estrelas de seu símbolo, ficando "apenas" com 5, o que corresponde aos títulos da seleção no torneio da Fifa, ordem não acatada pela CBFS.


Atual escudo da CBFS também contém duas estrelas
equivalentes às conquistas da Fefisa. Foto: Divulgação

Um fator curioso e que talvez ponha em dúvida o Brasil ser hepta ou penta campeão do mundo no Futsal é que apesar de perder força, o torneio da Fifusa não deixou de existir. Até hoje é disputado e a próxima edição está prevista para acontecer em 2019 na Argentina. Logo, o Brasil se julga hepta campeão mundial sendo que disputou dois torneios de instituições diferentes, acontece é que um não é continuidade do outro. A exemplo de comparação, vamos citar a Associação Uruguaia de Futebol que considera sua seleção tetra campeã mundial, com os títulos da Copa do Mundo de 1930 e 1950 e do futebol olímpico de 1924 e 1928. Depois de Brasil e Paraguai serem campeões pela Fifusa (que mudou de nome em 2002 para AMF - Asociación Mundial de Fútbol de Salón) Colômbia (com três titulos), Paraguai (mais duas vezes), Argentina, Portugal e Venezuela (um título cada) foram os países campeões pelo torneio "alternativo" e de todos esses países, apenas Paraguai e Argentina sustentam estrelas de campeão mundial em seus escudos, correspondentes ao torneio da Fifusa (vale lembrar que a Argentina conquistou o mundial da Fifa em 2016). 

Logo, fica a questão: se o Brasil pode se julgar hepta campeão do futsal, porque os outros países campeões também não brigam pelo reconhecimento perante a Fifa? Afinal, diante disso: ou que se reconheça todos os torneios independente de entidade organizadora, manter apenas os títulos da Fifa como a legítima Copa do Mundo de Futsal ou que se separe na camisa da seleção brasileira o que é Copa do Mundo da Fifusa e o que é Copa do Mundo da Fifa, o que na minha opinião é o mais correto a se fazer, afinal, não se trata do mesmo torneio.



E que fique claro: não escrevi esta publicação com intuito de desmerecer, esquecer ou apagar a história do futsal brasileiro, apenas acho importante esclarecer do que se trata cada torneio, especialmente o da Fifusa/AMF que não deixou de existir mesmo após a imposição da Fifa em patentear a Copa do Mundo de Futebol de Salão. 


quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Jefferson: um campeão dos gramados e da vida

A publicação de hoje contará um pouco da história de Jefferson Vieira da Silva ou apenas Jefferson, como era conhecido no futebol.


Jefferson passou por grandes clubes do futebol nacional. Foto: Reprodução/YouTube



Experiente lateral-esquerdo dos anos 90 e início dos anos 2000, Jefferson atuou por equipes como Vasco, Botafogo, clube no qual foi campeão estadual e do Troféu Tereza Herrera em 1996, e no Bahia, aonde era dono da posição e foi peça-chave em alguns torneios como a Copa do Nordeste em 2001 no qual o Tricolor de Aço saiu campeão.

Em 2002 quando o jogador negociava sua transferência do Atlético-MG ao Juventude, Jefferson contraiu uma doença rara chamada Síndrome de Behçet, que consiste na inflamação dos vasos sanguíneos. No caso do jogador, a doença atacou no cérebro afetando os movimentos de braços e pernas, além de prejudicar sua fala.


Jéfferson hoje mora com sua família em Pato Branco-PR e desde então, com sua força de vontade e ajuda da família, Jefferson enfrenta a doença (que não tem cura) e passa por sessões de fisioterapia e hidroterapia, que o fizeram recuperar alguns de seus movimentos corporais.

Jéfferson, que sua história dentro e fora de campo jamais seja esquecida e sempre exaltada por seus fãs e amigos.


Amistoso entre Brasil e Honduras no Serra Dourada,
única partida de Jefferson pela seleção principal.






CARREIRA
1988-1990 Botafogo-SP
1991-1992 Botafogo
1993-1994 Palmeiras
1994 Cerro Porteño
1995 Botafogo
1995 Vasco
1996-1997 Botafogo
1998-1999 Sport
1999-2001 Bahia 
2002 Atlético-MG
SELEÇÃO BRASILEIRA: 1 JOGO/0 GOLS

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Juventus muda de escudo e ninguém entende nada

Time de grande apelo no cenário europeu e mundial, a Juventus apresentou seu novo escudo em evento no Museu da Ciência em Milão com presença de jogadores, ex-jogadores e celebridades da Itália. Para as pessoas ali presente, provavelmente estava tudo legal, tudo lindo... menos para torcedores e fãs.




Pelo Instagram, seguidores mostram sua insatisfação com o novo emblema. Foto: Instagram/@Juventus


Seja via Facebook, Instagram ou Twitter, a equipe recebeu uma chuva de críticas negativas a respeito de sua nova logomarca. Afinal, o símbolo é a cara de TODO time de futebol e nada mais causa tamanha estranheza quando há uma mudança tão brusca, ainda mais se tratando de um time com uma camisa tão representativa que é a Juventus de Turim.



Evolução do escudo da Vecchia Signora conforme o tempo. Twitter/@JuventusFC



É até no mínimo justificável - e olhe lá - a escolha do novo emblema. Se fosse apenas uma questão estética ou de simplificar a logomarca do clube, até aí OK, apesar de particularmente achar o emblema da Juventus que estamos acostumados muito bonito, mas de acordo com as palavras de Andrea Agnelli, presidente da equipe italiana... a justificativa já não tem mais sentido. De acordo com o próprio: "O novo logo define um senso de pertencimento, e um estilo que nos permite comunicar o nosso estilo de ser." Afirmou o cartola em mensagem divulgada via twitter.

Mas como o torcedor da Juve a partir de agora sentirá que pertence a um time com uma cara nova? Afinal, o torcedor da Juventus se permitiu pertencer a equipe com o emblema oval com as três listras, o pequeno símbolo com o leão e a coroa na parte debaixo e o nome Juventus ali destacado, não há dois simples riscos simbolizando a letra J. 

O fato é que o novo emblema da equipe já será usado a partir da temporada 2017/18 do calendário europeu. Ainda há tempo de aproveitar o atual e mais representativo emblema juventino. Por enquanto.

domingo, 15 de janeiro de 2017

Shingo Munakata: jogou aonde, fera?

Meus amigos, para iniciar este novo projeto, segue texto de minha autoria para o blog Futebol Nippon, publicado em outubro de 2011, porém com algumas alterações devido à força do tempo. Para ler o texto original, clique aqui.


Era maio de 2009 e o Caxias apresentava mais um reforço para a Série C. Seu nome? Shingo Munakata, "famoso" meia atacante por passagens por FC Tokyo, Consadole Sapporo, futebol europeu e diversas vezes convocado por Takeshi Okada para a seleção japonesa. O Problema é que pela internet há poucos registros sobre o "batizado" e nenhum comprova seus feitos. Direto de Sapporo, Shingo Munakata.

Reza a lenda que o dito cujo começou a carreira com apenas 19 anos pelo Consadole Sapporo em 2000, ano que a equipe conquistou o título da segunda divisão japonesa, a J2 League. Munakata teria ficado por lá por mais duas temporadas e com o rebaixamento do Consadole de volta para a segunda divisão em 2002, o jogador deixou Hokkaido e seguiu para a capital japonesa e assinou com o FC Tokyo.

Munakata chegou ao FC Tokyo em 2003 e após uma ótima atuação (ok, qual?) foi contratado pelo Mallorca da Espanha, começando sua aventura no Velho Continente, e posteriormente, assinando com o Nürnberg da Alemanha me engana que eu gosto. Acabou voltando em 2007 para o Consadole, e ficando por lá até 2008, ano em que foi supostamente chamado por Okada para defender a seleção.


Munakata em treino com o Caxias. Foto: divulgação

Em 2009, o Caxias em meio de tantas apostas gringas como o nigeriano Abubakar ex-Vasco e o colombiano Cristian Borja que posteriormente defenderia o Flamengo, optou também por um jogador da terra do Sol Nascente, e o contratado foi Munakata. Ali, o jogador falou das passagens pelos seus ex-clubes, de sua popularidade no Japão e de suas várias convocações para a seleção japonesa. Contudo, Munakata apenas treinou algumas semanas com a equipe e sumiu. Os únicos registros do "jogador" são algumas matérias de sua apresentação no Caxias e seu artigo na wikipédia em português. O que comprova que Shingo Munakata é só mais um 171 que veio fanfarronear no nosso país, mas independente disso, mereceu esta querida matéria no Futebol Nippon.


"CARREIRA"
2000-2002 Consadole Sapporo
2003 FC Tokyo
2004-2005 RCD Mallorca
2005-2006 1. FC Nurnberg
2007-2008 Consadole Sapporo
2009 SER Caxias do Sul
2010- Ninguém sabe, ninguém viu..
SELEÇÃO JAPONESA
"Já fui convocado várias vezes, apesar de não ter nenhum registro que comprove."